O mercado de criptomoedas e ativos digitais tem crescido exponencialmente nos últimos anos, atraindo a atenção de investidores em busca de novas oportunidades. No entanto, essa popularidade também chamou a atenção de criminosos, que se aproveitam da falta de conhecimento e do entusiasmo dos investidores para aplicar golpes cada vez mais sofisticados. Neste artigo, vamos explorar o mundo das criptomoedas, desvendar os golpes mais comuns e, o mais importante, mostrar como você pode se proteger e buscar reparação caso seja vítima.
Antes de mergulharmos nos golpes, é fundamental entender o básico.
Criptomoedas são moedas digitais que utilizam criptografia para garantir a segurança das transações e controlar a criação de novas unidades. Bitcoin, Ethereum e Litecoin são alguns exemplos populares.
Já os ativos digitais são representações digitais de valor ou direitos que podem ser negociados ou transferidos eletronicamente, incluindo, além das criptomoedas, tokens não fungíveis (NFTs), por exemplo.
Os golpes com criptomoedas são fraudes que se aproveitam da crescente popularidade e complexidade desse mercado para enganar investidores e usuários. Esses golpes podem ocorrer de várias maneiras, e os fraudadores geralmente se aproveitam da falta de regulamentação clara e do anonimato proporcionado por muitas criptomoedas. Abaixo estão os tipos mais comuns de golpes com criptomoedas e como eles funcionam:
Golpistas prometem retornos garantidos e rápidos sobre investimentos em criptomoedas. Eles atraem novos investidores, cujos aportes são usados para pagar os investidores anteriores, criando uma falsa sensação de lucro. Eventualmente, o esquema entra em colapso quando não há mais novos investidores, e os golpistas somem com o dinheiro.
Como funciona: Os primeiros investidores realmente recebem lucros (geralmente pagos com o dinheiro de novos investidores), mas à medida que mais pessoas entram no esquema, ele se torna insustentável e os golpistas desaparecem com os fundos.
As ICOs são semelhantes a IPOs (Ofertas Públicas Iniciais), onde uma nova criptomoeda é lançada ao público para angariar fundos. No entanto, em golpes de ICO, os fraudadores lançam criptomoedas falsas ou inúteis, prometendo grandes retornos, mas nunca entregam um produto real ou funcional.
Como funciona: Os golpistas promovem uma criptomoeda fictícia, muitas vezes com uma equipe e um projeto falsos. Investidores compram tokens dessa moeda, mas, ao final da oferta, os criadores somem com o dinheiro.
Em golpes de phishing, criminosos tentam roubar as chaves privadas ou credenciais de acesso às carteiras de criptomoedas dos usuários, permitindo-lhes acessar e roubar fundos. Isso é feito geralmente por meio de e-mails falsos, sites fraudulentos ou links maliciosos que enganam as vítimas a fornecer suas informações.
Como funciona: Os fraudadores enviam e-mails ou criam sites que parecem ser de serviços legítimos de carteiras ou exchanges de criptomoedas. Quando a vítima insere suas informações, os golpistas usam essas credenciais para acessar e esvaziar a conta.
Alguns golpistas criam plataformas de troca (exchanges) de criptomoedas falsas, onde os usuários são incentivados a depositar suas criptomoedas. Após o depósito, a plataforma bloqueia o acesso ou simplesmente desaparece com o dinheiro.
Como funciona: A exchange falsa se apresenta como uma plataforma legítima e atraente, com taxas baixas e ótimas condições. No entanto, uma vez que os fundos são depositados, os usuários não conseguem mais sacar suas criptomoedas.
Esse golpe envolve a manipulação do preço de uma criptomoeda de baixo valor. Os fraudadores compram grandes quantidades de uma moeda e espalham notícias falsas para inflar o preço (“pump”). Quando o preço sobe, eles vendem tudo rapidamente, deixando os investidores desavisados com moedas de valor drasticamente reduzido.
Como funciona: Os golpistas promovem intensamente uma criptomoeda em grupos de redes sociais, dizendo que ela está prestes a explodir de valor. Quando o preço sobe, os golpistas vendem suas moedas, e o preço colapsa, prejudicando quem comprou depois.
Em ataques de ransomware, os hackers invadem o sistema de uma empresa ou indivíduo e criptografam os dados, exigindo um pagamento em criptomoedas para liberar o acesso.
Como funciona: O golpista envia um malware para o sistema da vítima, bloqueando todos os dados importantes. A vítima só recupera o acesso se pagar um resgate, geralmente em criptomoedas devido ao anonimato.
Fraudadores criam ou promovem novas criptomoedas com promessas de altos lucros em um curto espaço de tempo, geralmente garantindo que o valor da moeda vai aumentar exponencialmente. Essas moedas, muitas vezes, nem sequer têm uma utilidade real.
Como funciona: As vítimas compram a moeda esperando que ela se valorize, mas, após o golpista conseguir o dinheiro suficiente, ele desaparece e a moeda se torna inútil, sem valor de mercado.
Os golpes com ativos digitais, como criptomoedas, NFTs (Tokens Não Fungíveis) e outros bens virtuais, estão se tornando mais frequentes à medida que o mercado desses ativos cresce. Esses golpes geralmente se aproveitam da falta de regulamentação, do anonimato e da inexperiência de muitos investidores. A seguir, estão os principais tipos de golpes com ativos digitais e como eles funcionam:
Assim como nos esquemas Ponzi tradicionais, os fraudadores prometem lucros elevados e rápidos para atrair investidores em ativos digitais. Eles usam o dinheiro de novos investidores para pagar os anteriores, criando uma ilusão de retorno. Quando o esquema se torna insustentável, os golpistas somem com os fundos.
Como funciona: Os fraudadores criam um projeto ou plataforma em que prometem grandes retornos sobre investimentos em criptomoedas ou NFTs. No início, os primeiros investidores recebem os supostos lucros, mas o esquema colapsa quando não há novos ingressos.
Com o crescimento do mercado de NFTs, surgiram várias fraudes envolvendo esses ativos. Os fraudadores podem vender NFTs falsificados ou inflacionar artificialmente o valor de um NFT para induzir outras pessoas a comprá-lo.
Como funciona: Golpistas criam ou copiam obras digitais e as vendem como NFTs “originais”. Outra prática comum é o “wash trading”, onde os golpistas compram e vendem o mesmo NFT entre contas controladas por eles mesmos para inflacionar o valor.
Esses golpes ocorrem em projetos de criptomoedas ou NFTs quando os desenvolvedores atraem investidores, prometendo grandes inovações ou retornos. Depois que os investidores aplicam seu dinheiro, os desenvolvedores abandonam o projeto e desaparecem com os fundos.
Como funciona: Um projeto é lançado com muito marketing e promessas de inovações tecnológicas. Após atrair investimentos, os desenvolvedores removem toda a liquidez do projeto e deixam os investidores sem acesso aos ativos.
Golpes de phishing são tentativas de roubar as credenciais ou chaves privadas das carteiras digitais dos usuários. Isso permite que os golpistas acessem e roubem os ativos digitais, como criptomoedas e NFTs.
Como funciona: Os fraudadores enviam e-mails ou mensagens falsas que parecem vir de serviços legítimos, como exchanges ou carteiras digitais, solicitando que a vítima forneça suas informações de login ou chaves privadas. Assim que obtêm essas credenciais, eles acessam as contas e transferem os ativos.
Os fraudadores criam exchanges ou plataformas de negociação de ativos digitais falsas, onde os usuários são induzidos a criar contas e depositar seus ativos. Uma vez que os usuários tentam sacar seus fundos, a plataforma desaparece ou bloqueia o acesso.
Como funciona: Os golpistas criam uma plataforma que parece legítima, oferecendo boas condições de negociação e atraindo usuários. No entanto, após o depósito dos ativos, os usuários descobrem que não conseguem mais retirar seus fundos.
Nesse golpe, os fraudadores manipulam o preço de uma criptomoeda ou NFT de baixo valor ao promovê-lo intensamente para aumentar seu preço (pump). Quando o preço sobe artificialmente, os golpistas vendem todos os seus ativos, fazendo com que o valor despenque (dump) e deixando os outros investidores com perdas.
Como funciona: Os fraudadores compram grandes quantidades de uma criptomoeda ou NFT e começam a espalhar informações falsas sobre seu potencial de crescimento. Com a demanda e o preço subindo, eles vendem tudo e o valor colapsa, prejudicando quem comprou durante a alta.
Aqui, os golpistas fingem ser funcionários de suporte de plataformas de ativos digitais e entram em contato com usuários, alegando que suas contas têm problemas ou que precisam de uma atualização de segurança. Durante o processo, eles induzem as vítimas a compartilhar informações sensíveis ou até a enviar seus ativos diretamente.
Como funciona: Os fraudadores se passam por representantes de suporte de exchanges ou carteiras e, sob o pretexto de ajudar, convencem as vítimas a compartilhar suas chaves privadas ou enviar ativos para uma carteira controlada pelos golpistas.
Airdrops são uma prática comum no mundo das criptomoedas, onde tokens são distribuídos gratuitamente para incentivar o uso de uma nova moeda ou plataforma. No entanto, golpistas muitas vezes realizam airdrops falsos para obter acesso às carteiras das vítimas.
Como funciona: Os fraudadores oferecem “tokens grátis” em troca de informações da carteira. Quando as vítimas fornecem essas informações, os golpistas utilizam os dados para roubar os ativos digitais da carteira.
Em um golpe de clonagem, os fraudadores copiam um projeto legítimo de criptomoeda ou NFT, criando uma versão idêntica ou muito parecida. Eles então vendem os tokens ou NFTs falsos como se fossem legítimos, enganando investidores desavisados.
Como funciona: Os golpistas duplicam o site, o branding e até o nome de um projeto legítimo. As vítimas investem achando que estão participando do projeto real, mas acabam comprando ativos falsos.
A Lei nº 14.478/2022, que entrou em vigor em junho de 2023, representa um marco importante na regulamentação do mercado de criptoativos no Brasil. Ela não apenas define diretrizes para a prestação de serviços com ativos virtuais, mas também tipifica como crime a fraude com a utilização de criptomoedas e outros ativos digitais.
A lei altera o Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848/1940) para incluir o crime de estelionato com o uso de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros. Isso significa que quem organiza, gere, oferta ou distribui carteiras ou intermedia operações envolvendo esses ativos com o fim de obter vantagem ilícita, induzindo ou mantendo alguém em erro, pode ser punido com reclusão de 4 a 8 anos e multa.
A tipificação do crime facilita a investigação e a punição dos responsáveis, o que pode levar à recuperação dos ativos perdidos pelas vítimas. Além disso, a lei pode ser usada como base para ações de indenização por danos materiais e morais.
Ser vítima de um golpe com criptomoedas pode ter consequências devastadoras. Além do prejuízo financeiro, muitas vezes irrecuperável, as vítimas sofrem com o impacto emocional: sentimentos de vergonha, culpa, raiva e perda de confiança. É crucial buscar apoio para lidar com essas emoções e evitar que a experiência traumática gere ainda mais sofrimento.
A busca por reparação financeira pode ser complexa e desafiadora, mas não é impossível. O caminho a seguir dependerá das circunstâncias do caso, mas algumas medidas podem ser tomadas:
Apesar de ser um processo complexo, é comum o ressarcimento completo do valor envolvido.
O cenário dos golpes com criptomoedas está em constante mudança, com novas modalidades surgindo a todo momento. É fundamental estar atento às últimas notícias e tendências, buscando informações de fontes confiáveis e consultando especialistas. A prevenção ainda é a melhor forma de se proteger.
Mas, se você foi vítima de um golpe com criptomoedas ou golpe com ativos digitais, não perca tempo! Procure um advogado especialista em ativos digitais, pois são comuns os casos em que quem foi a pessoa lesada receba o dinheiro de volta.
Um advogado com expertise em ativos digitais pode te auxiliar em diversas etapas, desde a análise do caso e a identificação dos responsáveis até a elaboração de estratégias para recuperar os fundos perdidos. Ele poderá:
Investir em criptomoedas e ativos digitais pode ser uma oportunidade interessante, mas é crucial estar ciente dos riscos e tomar precauções para evitar cair em golpes. Lembre-se: se algo parece bom demais para ser verdade, provavelmente é. Em caso de dúvidas, procure ajuda profissional. A informação e a cautela são suas melhores aliadas nesse novo mundo de investimentos.